domingo, 1 de dezembro de 2013

Nando Reis - A Letra A - 2003

Nando Reis - A Letra A - 2003



1 A letra A (Nando Reis)
2 E Tudo mais (Nando Reis)
3 Dentro do mesmo time (Nando Reis)
4 Hoje Mesmo (Nando Reis)
5 De lhe Pra Te (Nando Reis)
6 O meu Posto (Nando Reis)
7 De mãos Dadas (Nando Reis)
8 Mesmo Sozinho (Nando Reis)
9 Púrpura (Nando Reis)
10 Luz dos Olhos (Nando Reis)
11 Umsimples abraço (Nando Reis)
12 Tão Diferente (Nando Reis)

Enfim fora dos Titãs, depois de anos de dedicação a projetos paralelos e outros interesses, Nando Reis parece querer reafirmar de forma 100% categórica suas caracteristicas e idiossincrasias como compositor e cantor - como artista solo, enfim. A Letra A é assim, um disco radical, recheado de músicas que não caberiam em fase alguma da carreira dos Titãs; aliás, a bem da verdade, nem sequer poderiam ser gravadas por qualquer outro artista que não o próprio Nando. Álbum de canções longas, sem refrões definidos nem melodias instantaneamente grudentas (coisa que ele sabe fazer quando quer) e uma sonoridade enxuta mas vigorosa, quase acústica, o quarto trabalho solo de Nando é um disco que demora para "capturar" o ouvinte. Pode ter sido até uma manobra intencional; ao escapar dos Titãs, Nando também quis fugir do pop polido e fácil e resolveu desafiar a quem o escuta. O risco comercial embutido na opção existe, o potencial de estranhamento também. É pop na essência, pois é isso - compor pop - é o que Nando sabe fazer de melhor. Mas essa essência está sob a superfície "difícil" de canções de seis, sete minutos, meio melancólicas, muito românticas. Vale a pena o desafio? Vale.

Mesmo solo, Nando não abdicou de buscar um "som de banda" para A Letra A. Esta "banda" - que inclui os americanos Barret Martin (baterista dos Screaming Trees) e Peter Buck (guitarrista do R.E.M.) - revela um pendor para o folk-rock setentista à moda de um Neil Young, por exemplo. Apesar dos instrumentos usados serem básicos e poucos (muito violão, alguns teclados, baterias e guitarras sem excessos), a opção estética dá coerência e "liga" aos arranjos, que ornamentam um disco homogêneo, sem grandes altos ou baixos. Nando soa leve e despretensioso mesmo nas mais longas faixas, como Hoje Mesmo ou Dentro do Mesmo Time. Mais ainda, quando relaxa de vez e concebe o quase-rockão De Mãos Dadas, ou sucumbe à delicadeza da faixa-título (na qual divide o vocal com sua filha de 15 anos). Vale a pena também reouvir Luz do Sol, gravada com sucesso por Cássia Eller no Acústico, voltando aqui numa versão catártica - apesar de suave. E assim é Nando Reis: cantor não-convencional, roqueiro sem guitarra, compositor pop sem refrões, mas sem dúvida dono de uma trajetória para lá de sólida.(Marco Antonio Barbosa)

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