A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes Vol. 7 CD 10: Raphael Rabello (2003)
1- Anos Dourados (Tom Jobim/Chico Buarque) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
2- Choro (Garoto) (Tom Jobim) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
3- Luiza (Tom Jobim) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
4- Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
5- Sete Cordas (Raphael Rabello/Paulo César Pinheiro) Interpretes: Raphael Rabello
6- Choro da Saudade (Agustin Barrios) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
7- Abismo De Rosas (Agustin Barrios) Interpretes: Raphael Rabello Instrumental
8- Jongo (João Pernambuco) Interpretes: Raphael Rabello
9- Estudo Nº 1 (Villa-Lobos) Interpretes: Raphael Rabello
10- Estudo Nº 1 (Radamés Gnattali) Interpretes: Raphael Rabello
11- Lamentos do Morro (Aníbal Augusto Sardinha) Interpretes: Raphael Rabello
12- Samba do Avião (Tom Jobim) Interpretes: Raphael Rabello
Tragédia carioca em dois tempos Trajetória de Rafael Rabello e Vera Fischer em direção às drogas revela triste história do Rio RUY FABIANO Especial para o Estado O que há em comum entre a atriz Vera Fischer, internada no Rio e em Buenos Aires para tratamento de desintoxicação e recuperação psiquiátrica, e Rafael Rabello, o músico carioca, morto em 27 de abril do ano passado, no Rio de Janeiro, aos 32 anos - e considerado por instrumentistas como Paco de Lucia, Tom Jobim, Radamés Gnattali e Baden Powell um dos melhores violonistas do mundo?
Muito mais coisas certamente que a circunstância de serem ambos artistas talentosos, sensíveis e indefesos. Rafael está morto, Vera Fischer está viva - e é essa diferença que me move, na qualidade de irmão de Rafael e profissional de imprensa, a fazer publicamente a analogia (para mim dolorosíssima) entre as duas tragédias.
Penso, ou pelo menos pretendo, com isso, estar prestando um serviço de utilidade pública. A história de ambos é a história do Rio deste fim de século - e é um pouco da história do Brasil urbano de hoje, já que o Rio ainda exerce papel fundamental de irradiador de padrões de comportamento para todo o País.
Rafael Rabello chegou às drogas a partir de uma fatalidade que o marcou definitivamente: um desastre de carro, que o obrigou a receber transfusão de sangue que o contaminaria com o vírus da Aids. No desespero da situação, caiu nas malhas das drogas.
Vera Fischer chegou ao mesmo lugar por outras vias e razões que desconheço. O importante é que, a partir de então, ambos tornaram-se reféns de sua classe social e meio profissional, onde o trânsito das drogas é absolutamente livre.
Vera Fischer e Rafael Rabello não são fenômenos isolados nem restritos ao meio artístico. Há numerosos outros rafaéis e veras fischers anônimos, que vivem a mesma tragédia no cotidiano das grandes metrópoles brasileiras, sobretudo no eixo Rio- São Paulo.
É a tragédia corrosiva das drogas, as legais (anfetaminas, barbitúricos e tranqüilizantes, servidos com irresponsável bonomia por médicos mercenários) e as ilegais, armazenadas nos "santuários" do narcotráfico (a expressão é do secretário de Segurança do Rio), espalhados por numerosos bairros da ex-cidade maravilhosa.
Semelhanças
- O ex-marido de Vera, o ator Perry Salles, disse ao Jornal do Brasil exatamente - e literalmente - o que nós, da família de Rafael, nos dissemos no curso de sua tragédia. Foram essas as palavras de Perry: "Ela (Vera Fischer) está como o Rio, doente, completamente alucinada, não tem mais visão nem sentido das coisas. Ela não consegue nem mais trabalhar."
E ainda Perry, descrevendo o comportamento da atriz, depois que se entregou ao consumo das drogas (legais e ilegais): "Ela é ambivalente, tem as duas coisas: é uma deusa e é o diabo ao mesmo tempo. (...) Se te pega no momento em que está lúcida, é genial, uma pessoa de quem você não quer se desgrudar. Mas depois é uma loucura. Muda a personalidade, a peça, muda tudo. Nesses períodos, é alucinante, como se lhe pusessem uma venda nos olhos."
Tenho acompanhado, como todo o País, os lances da tragédia pessoal de Vera Fischer. E, pelo conjunto impressionante de coincidências - até a clínica em que Vera estava internada, o Núcleo Integrado de Psiquiatria, da Barra da Tijuca, é a mesma em que Rafael morreu - revivo, ainda que não queira, a tragédia do meu irmão.
A impressionante semelhança do semblante de desespero de ambos - Rafael na foto da capa de seu último disco (Relendo Dilermando Reis) e Vera Fischer nas fotos da entrevista que deu, logo após o episódio de agressão à babá - foi, para mim, a gota d'água. Todas as minhas reservas de exposição pessoal e publicidade foram vencidas no impacto visual comparativo dessas fotos.
Telefonei para meus pais e irmãos no Rio e concordamos em que era necessário esse depoimento, ainda que nos custe a dor de reabrir feridas. Trata-se, como foi dito, de um serviço de utilidade pública. E Rafael certamente apoiaria essa iniciativa.
Ele sempre demonstrou, mesmo em seus momentos finais, aguda sensibilidade para questões sociais. Seu último trabalho, um disco primoroso com a obra do compositor Capiba, a ser lançado pela Fundação Cultural Banco do Brasil, terá, por vontade dele, parte da renda revertida para a campanha contra a fome, do Betinho. Papel da imprensa
- Os ingredientes das duas tragédias são os mesmos: ação livre e plena dos traficantes em todos os níveis e camadas sociais, desde ambientes indefesos, como favelas e bairros da periferia, até os corredores de instituições poderosas, como emissoras de televisão, universidades e meio artístico.
Há também a indiferença/conivência de pessoas influentes e com poder de decisão no plano institucional. Há, sobretudo, os sanguessugas e viciados da periferia do meio artístico que, não dispondo de recursos para comprar a droga, transformam- se em intermediários dos traficantes e criam todas as dificuldades possíveis (inclusive por meio de ameaças) para que o colega prossiga no vício e sua família seja mantida à distância.
São os chamados "soldados" do pó. O vício do colega rico é a garantia de manutenção do seu, pago com drogas, a título de comissão. O resultado, o País está tendo a oportunidade de ver em Vera Fischer. Há um lado positivo na exposição pública de sua tragédia, em que pese o constrangimento inevitável para ela e sua família.
Sabendo o que acontece, público, colegas de trabalho e amigos têm a oportunidade não apenas de compreendê-la, como de auxiliá-la. E os sanguessugas, intimidados, mantêm-se à distância.
Com Rafael Rabello, infelizmente, não foi assim. A família, posta diante de tal situação, que lhe era inteiramente inédita, optou pelo silêncio, no intuito de preservá-lo e na ingênua expectativa de que poderia encontrar uma saída por conta própria. Preferiu amargar, enclausurada, sua tragédia, que se arrastou por quase dois anos.
Assistiu, impotente, à transformação de sua personalidade, que o levou a isolar-se e privar-se do convívio de gente amiga, ele que sempre desfrutou de grande estima no meio profissional, onde ingressou ainda de calças curtas, aos 12 anos. Era uma pessoa meiga, bem-humorada, que gostava de conversar e dar boas gargalhadas. Era o que se chama de boa praça.
Também ele, como Vera Fischer, tornou-se irascível e instável, embora sem causar dano a ninguém. Em junho de 1994, a família, seguindo conselhos médicos, decidiu interná-lo para tratamento de desintoxicação na Clínica Mariana, que fica em frente do Maracanã, na Rua Eurico Rabello.
Pois bem: dois dias depois, quando seus pais foram visitá-lo, souberam, com espanto, que havia recebido alta. Não ficara nem 48 horas. E a família sequer fora informada, não obstante ter tido a iniciativa de internação e não obstante o visível estado de desequilíbrio e perturbação do paciente. Quem e por que lhe deu alta? Não houve explicações.
Rafael saiu dali para o mesmo mundo de loucuras, em que traficantes bem apessoados (os Escadinhas são apenas a parte visível e, por isso mesmo, menos perigosa do mundo das drogas), circulam em ambientes chiques e restritos - o grand monde carioca - e se mostram simpáticos e compreensíveis com as vítimas que ainda têm o que lhes oferecer.
Estão sempre prontos a colaborar: "A cocaína está causando crises depressivas? Procure o doutor fulano de tal, ele te dá umas receitas fantásticas. Isso é passageiro."
Internação e morte
- Rafael morreu de enfarte, num quarto do Núcleo Integrado de Psiquiatria da Barra da Tijuca. A família não sabe de detalhes. Sabia apenas que seu organismo estava profundamente enfraquecido pela ação contínua das drogas - anfetamina (droga legal), mais do que da cocaína. Na véspera, porém, de seu óbito, dia 26 de abril, os médicos informaram que seu quadro clínico era ótimo e que estava em plena recuperação. Não estava.
Encontramos, entre seus pertences, antes de interná-lo, numerosas receitas do medicamento Hipofagin, à base de anfetamina, aviadas sem qualquer critério. Não é infundado concluir que o médico que assim procedeu tem co-responsabilidade na construção de sua tragédia.
A família reserva-se o direito de por enquanto não revelar nomes, por cautela. Importa aqui dar o testemunho da tragédia, no que ela tem de útil à coletividade.
Breve escapada
- Em junho de 1994, um mês após a frustrada internação na Clínica Mariana, Rafael deixou o Brasil. Surgira a chance que tanto esperara de uma carreira nos Estados Unidos. Foi, para todos nós, mais que a alegria pela perspectiva de expansão de sua carreira profissional, um alívio sabê-lo a salvo das aves de rapina que o cercavam. Só um acontecimento dessa magnitude o faria sair do Rio.
Nos Estados Unidos, pelas mãos de Laurindo de Almeida, violonista brasileiro que para lá se transferiu nos anos 40, como músico de Carmem Miranda, e tornou-se um dos maiores instrumentistas de jazz, gravou seu primeiro disco, foi apresentado a gente influente do meio e começou a lecionar numa universidade de música, em Los Angeles, na cadeira de violão.
O mais importante: começou a libertar-se das drogas.
Laurindo, que morreria três meses depois de Rafael, o considerava um músico fora de série e apostava em seu triunfo internacional. Outro que se encantou com seu trabalho foi o compositor e cantor inglês Sting, que adquiriu no Brasil o disco Todos os Tons, em que Rafael toca músicas de Tom Jobim, por ele transcritas e arranjadas para violão.
Tudo parecia maravilhosamente encaminhado. Eis, porém, que Rafael precisou voltar ao Rio, em janeiro de 1995, para em breve (e definitivo) trabalho. A Fundação Cultural Banco do Brasil aprovara antigo projeto seu de realizar um disco resgatando a obra do nonagenário compositor Capiba.
Retorno fatal
- Rafael voltou e, como já não residia no Rio, optou por ficar num hotel. Foi para o Sheraton, em São Conrado. Seus pais insistiram para que se hospedasse com ele - e assim ficara inicialmente acertado. Mas, desde o desembarque no aeroporto, foi envolvido pelo exército do pó, constituído sobretudo dos dois consumidores desabonados, que precisam das comissões de venda para sustentar o próprio vício.
Foi direto para o hotel e de lá só saía para o estúdio de gravação, sempre cercado pelas mesmas pessoas. Um carregava o seu violão, outro dirigia o carro. Todos muito prestativos e simpáticos com ele - e hostis com todos que se atrevessem a aproximar-se.
Com a família, Rafael comunicava-se poucas vezes, sempre por iniciativa dessa. As visitas eram penosas. A suíte em que se hospedara (sua condição econômica ainda era boa) era ampla e estava sempre cheia de gente. Copos e garrafas de bebidas espalhados por todos os lados, forte cheiro de acetona no ar, cinzeiros abarrotados de guimbas, um ambiente de festim e decadência.
Refém de traficantes e de "soldados" do pó, o maior violonista brasileiro, com as portas do meio artístico internacional abertas a sua frente viveu seus últimos e desesperados dias.
Certa vez, uma irmã nossa o procurou no hotel e foi informada de que havia recado expresso para que não fosse permitido acesso da família a seu quarto. Minha irmã desafiou a proibição e foi vê-lo. Ele, com o aspecto de stress profundo, simplesmente ignorava a tal proibição. Quem o fizera? Certamente, um dos muitos sanguessugas que o cercavam dia e noite - homens e mulheres, jovens e bem-apessoados.
Confiram agora o que até aqui foi relatado com o que tem sido publicado nos jornais a respeito de Vera Fischer. Não é parecido? Pois é: não é mera coincidência. É o Rio anos 90.
Paradoxo
- A elite do Rio vive um paradoxo: quer livrar-se da condição de refém do crime organizado, cujo sustentáculo econômico, todos sabem, é o narcotráfico, mas o sustenta consumindo cocaína - vício caro, só acessível a quem tem dinheiro.
Roberto Pompeu de Toledo escreveu em Veja, de 6 de dezembro. "Houve uma grande ausência na passeata de terça-feira passada no Rio de Janeiro (a Reage Rio). Faltou uma palavra mágica, aquela que daria sentido a toda aquela movimentação. Foi como se nas manifestações pelas eleições diretas não se citasse a palavra "diretas". Ou, nas manifestações pelo impeachment, não se pronunciasse a palavra "impeachment". A palavra que faltou é: DROGAS."
E ainda:
"A passeata era contra a violência. Ora, qual a causa magna da violência no Rio, a causa das causas? Resposta: drogas. (...) E, no entanto, na passeata de terça-feira, faltou dizer seu nome. Por quê?" Eis aí um mistério cristalino. A resposta-síntese é uma só: cumplicidade. O delegado carioca Hélio Luz, diante das resistências que tem encontrado para sanear a polícia e estabelecer mecanismos eficazes na luta contra o crime na cidade, perguntou-se recentemente: "Será que a elite quer viver dentro da honestidade e da lei? Será que agüenta?"
Em torno desse circo de horrores, há uma poderosa indústria que explora as vítimas do processo: clínicas de desintoxicação improvisadas (não são todas, claro); médicos inescrupulosos, que vendem receitas para remédios de tarja preta, tipo Hipofagin e Frontal, antidepressivos e inibidores de apetite; psiquiatras que recauchutam pacientes e os devolvem para mais uma temporada no inferno, etc.
Lucra-se com as drogas - e tanto basta para que se mantenha toda uma lógica de perversão, que contamina autoridades e instituições. E devora pessoas.
Quando o torcedor do Santos foi assassinado, há três semanas, por ter ido parar por equívoco num "santuário" do tráfico, a reação das autoridades foi de absoluta naturalidade. Algo do tipo "claro, mas ele invadiu um santuário". Só faltou punir-se post mortem o indigitado personagem por invasão de propriedade alheia.
Terapia delicada
- Rafael foi internado no Núcleo Integrado de Psiquiatria da Barra da Tijuca em 21 de abril de 1995, para tratamento de desintoxicação. Tal como aconteceu com Vera Fischer, sua família foi mantida à distância.
Raros contatos nos três primeiros dias, até o isolamento total. Os médicos o exigem, nesse tipo de terapia, sob o argumento de que o paciente tentará induzir amigos e familiares a tirá-lo de lá ou a fornecer alguma quantidade de droga (legal ou ilegal).
A crise de abstinência é dolorosa e enfrentada à base de sedativos, cuja aplicação requer perícia, dado o quadro de debilidade física (sobretudo cardíaca) da maioria dos pacientes nesse estado.
O paciente torna-se violento em alguns momenos e, em outros, sedutor. Diante de amigos e familiares usa de todas as reservas de persuasão para tentar obter o que quer - no caso, a droga ou a fuga para obtê- la.
Uma pessoa afetivamente ligada ao paciente fica em situação delicada: ou atende ao seu apelo, desatendendo ao tratamento, ou nega-lhe o pedido e submete-se a mais um stress emocional. Daí a necessidade de isolamento, que previne também a visita de traficantes ou de seus soldados, segundo os médicos.
Isolamento, porém, não quer dizer falta de informação. Nada impede que a família seja informada. No caso de Vera Fischer, no terceiro dia de sua internação, os médicos a aconselharam a procurar tratamento mais sofisticado em clínica em Buenos Aires. No caso de Rafael, não houve a mesma avaliação. E ele morreu um dia após os médicos considerarem "ótimo" seu estado de recuperação.
Obras-primas
- Desses dois anos finais (e fatais), há um farto material musical, de primeiríssima qualidade, pronto para virar CD - inclusive o disco-homenagem de Capiba, que tem a participação de gente como Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte e outros. Um disco primoroso, em que Rafael fez arranjos, produziu e tocou. Foi sua obra derradeira, que consumiu o resto de suas energias.
Rafael não morreu de Aids. A doença não chegou a se desenvolver nele. Basta ver que morreu com excesso de peso. Tirou-lhe o gosto de viver e a alegria morreu do coração. Teve uma apnéia (interrupção da respiração durante o sono), da qual não conseguiu sair. Mas, como sua história não foi contada, surgiram versões diversas - e falsas: morreu de Aids, de overdose, suicidou-se e coisas do gênero. Alguns jornais exploraram maldosamente sua tragédia, tentando caricaturá-la, aumentá-la, profaná-la.
Ele não causou danos a terceiros - só a si mesmo. Seu sofrimento transmudou-se em arte pura, de primeiríssima qualidade, que o Brasil merece ver difundida em disco em breve. É patrimônio cultural e estético coletivo. Músicos respeitáveis, como Francis Hime e Paulinho da Viola, acreditam que ninguém jamais tocou violão como Rafael Rabello, em tempo algum e em parte nehuma. Francis escreveu uma peça erudita especialmente para ele e, agora, não encontra quem possa executá- la. Mas essa é outra história.
Em seu enterro, poucos colegas. A notícia chocou a cidade. Poucos sabiam de sua tragédia particular. Falava-se em drogas. Os personagens que o cercavam nos últimos meses - e que infundiam medo a muitos - saíram completamente de cena. Mas deixaram em torno ambiente de receio. Muita gente boa compareceu: Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho, Paulo César Pinheiro, João Bosco, Francis Hime, Paulo Moura (com quem fez seu último show), Sonia Braga, Leo Gandelman, Beth Carvalho, Dino Sete Cordas, Nélson Sargento e alguns outros de cujo esquecimento me penitencio.
Mas havia ausências que se contavam às dezenas, gente que esteve a seu lado no curso de toda a carreira. "A barra está pesada", disse-me um desses personagens, justificando sua ilustre ausência dos funerais.
A causa mortis de Rafael pode ser resumida em poucas palavras: Rio de Janeiro, década de 90. A cidade está enferma e devora seus filhos - ilustres e anônimos. Que o legado da dor de Rafael tenha proveito na reversão desse quadro é nossa expectativa - e seguramente a dele, que tanto amava a cidade e a vida. Ruy Fabiano é jornalista e irmão do violonista Rafael Rabello. Este texto é uma versão condensada do que foi publicado no `Correio Braziliense' no dia 31 de dezembro Copyright 1996 - O Estado de S. Paulo - Todos os direitos reservados
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