segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mano Décio da Viola - Biografia

Mano Décio da Viola - Biografia




Mano Décio da Viola

Décio Antônio Carlos
14/7/1909 Santo Amaro da Purificação, BA
18/10/1984 Juiz de Fora, MG




Compositor. Cantor.

O pai, Hermógenes Antônio Máximo, trabalhava na construção civil. A mãe era baiana de Santo Amaro da Purificação.

Primogênito de 17 irmãos, com menos de um ano, foi morar em Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde foi registrado. Pouco depois, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, indo residir no morro de Santo Antônio, em pleno Largo da Carioca.

Em 1910, no Rio de Janeiro, foi batizado na Igreja de São Jorge, no Campo de Santana - Praça da República, no Centro. Por essa época, desfilava no carnaval no Rancho Príncipe das Matas, organizado por sua família.

Em 1916, a família mudou-se para o morro de Mangueira.

No ano de 1922, mudou-se para a Rua Tiúba, no morro da Serrinha, no subúrbio carioca de Vaz Lobo. Ainda menino, desfilava no Bloco Vai Como Pode, um dos blocos que integrou a fundação do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela.

Aos 13 anos saiu de casa para trabalhar como jornaleiro no Largo da Carioca, indo morar sozinho no morro de Mangueira, perto da casa dos tios Chico, Bernardino e Marciano. Por essa época, conheceu os sambistas Delfino, Chico Modesto e Alfredo Português. Andava também com os compositores Cartola, Carlos Cachaça e Babaú da Mangueira, entre outros, que frequentavam as rodas de samba no Buraco Quente. Nestes encontros, conheceu Norberto Marçal (o Mango), que organizava as equipes de garotos que vendiam jornais no centro da cidade.

Em 1930, Mango, presidente da Escola de Samba Recreio de Ramos, o convidou para morar em Ramos, subúrbio carioca, e freqüentar a escola recém-fundada.

No ano de 1934, voltou a morar no morro da Serrinha, freqüentando a Escola de Samba Prazer da Serrinha. Nesta escola, ganhou do amigo Magno o pseudônimo Mano Décio da Viola, com o qual ficaria conhecido. Neste mesmo ano, sofreu um acidente no cais do Porto, onde trabalhava. Ao descarregar latas de creolina inglesa, uma delas estourou e o líquido corrosivo e quente atingiu seu rosto, deixando-o cego de um olho. Para esse incidente, compôs o samba "Cego e surdo".

Seu filho, Jorginho do Império, seguiu os passos do pai, tornando-se cantor e compositor de sucessos.

Após seu falecimento, a rua que liga a Avenida Edgar Romero ao Morro da Serrinha (Rua Itaúba,) recebeu o nome de "Rua Mano Décio da Viola", em sua homenagem.

Outra homenagem ao compositor foi feita pela Secretaria Municipal de Educação, quando nomeou de Escola Municipal Mano Décio da Viola, no bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Em julho de 2009, em comemoração a seu centenário, ocorreram vários eventos, como lançamento de livros, shows e palestras, em sua homenagem, entre eles "Centenário de Mano Décio da Viola" no palco do auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), cenário de debate, homenagens e show de Jorginho do Império em comemoração ao centenário de nascimento do compositor. O evento múltiplo aconteceu no dia 20 de julho, na sede da ABI, no centro do Rio de Janeiro, reunindo Sérgio Cabral, Haroldo Costa, Rachel Valença e Ricardo Cravo Albin, como debatedores, e o presidente da ABI, Maurício Azêdo como moderador. Na ocasião, foi entregue o "Troféu Mano Décio da Viola", esculpido com caricatura de Ziraldo, a Paulinho da Viola, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Nélson Sargento, Roberto Silva, João Bosco, Martinho da Vila, Monarco, Fernando Pamplona e Hiran Araújo. Cada personalidade do samba homenageada representa uma década na celebração do co-autor de antológicos sambas enredo, como "Heróis da liberdade", "Exaltação a Tiradentes" e "A paz universal". Logo após a entrega do troféu o cantor e compositor Jorginho do Império, filho de Mano Décio da Viola, interpretou clássicos do repertório do pai em show nomeado "De Pai pra filho". O espetáculo foi gravado ao vivo e finalizado em CD duplo pela gravadora Lumiar Discos. Ainda em 2009 várias outras atividades, em homenagem ao sambista, foram projetadas pela Associação Brasileira de Imprensa, Instituto Cultural Cravo Albin e o Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, entendendo-se até julho de 2010 (Show na Praça da Apoteose, no Sambódromo; Festival de Música do Império Serrano, abrangendo o Estado do Rio de Janeiro, e show ao ar livre na Rua Mano Décio da Viola). Também foi finalizada a biografia do sambista, com o título provisório de Mano Décio da Viola, Imperador do Samba, que será lançada com grande espetáculo em 14 de julho de 2010, marcando o encerramento dos festejos do centenário.

Dados Artísticos

Em 1934, ao ouvir no cinema uma valsa de Strauss, "Os patinadores", colocou letra. A música foi registrada com o nome de "Vem, meu amor" (Mano Décio da Viola, Bide e João de Barro), sendo gravada neste mesmo ano por Almirante. Daí em diante, repetiria muitas vezes o processo.
Habituou-se a fazer a primeira parte dos sambas e a vendê-los para o Baúza, que tinha dois compositores para fazer a segunda parte - Bide e Raul Marques. Além disso, fazia com que eles fossem gravados. Ainda em 1934, ingressou na Escola de Samba Prazer da Serrinha, da qual foi diretor. Por essa época, já conhecia Silas de Oliveira, que se tornaria seu parceiro mais constante.
No ano de 1938, a dupla compôs a sua primeira música, "Perdão amor", cuja segunda parte foi composta por Raul Marques e Bucy Moreira. O samba foi vendido para Miguel Baúza por 70 mil-réis. Nesta época, era razoavelmente ético comprar ou vender músicas. Na etiqueta do disco foram apontados somente dois nomes: Mano Décio da Viola e Miguel Dorneles Baúza.
Raul Marques, em 1942, gravou de sua autoria "Lá vem ela com uma trouxa de roupas na cabeça". Três anos depois, compôs com Silas de Oliveira o samba-enredo "Conferência de São Francisco", um dos primeiros a tratar de tema histórico e com o qual a Escola Prazer da Serrinha desfilou naquele ano. No ano de 1947, alguns dissidentes da Escola de Samba Prazer da Serrinha, descontentes com a decisão de seu Alfredo, então diretor da escola, de mudar o samba-enredo na hora do desfile, resolveram fundar uma nova escola. Em 23 de março daquele mesmo ano, Mano Décio da Viola, juntamente com mestre Fuleiro, Silas de Oliveira, Comprido, Antenor, Molequinho, Zé Luiz, Cachopa, Fumaça, Manula, Mano Elói, Aniceto, Daniel Perna e João Gradim, entre outros, fundou o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano. No ano seguinte, o Império Serrano concorreu com um samba-enredo de sua autoria, "Antônio Castro Alves", em parceria com Molequinho e Comprido (Altamiro Maia). Na época, a escola ganhou o primeiro lugar no desfile (Desfile da Federação das Escolas de Samba).
Em 1949, compôs, com Penteado e Estanislau Silva, o samba-enredo "Exaltação a Tiradentes", ganhando mais uma vez o primeiro lugar (bi campeonato). No ano seguinte, Jamelão gravou de sua autoria "Apoteose ao samba". Neste mesmo ano, Roberto Silva gravou "Exaltação a Tiradentes" (c/ Penteado e Estanislau Silva).
Em 1951, classificou-se em primeiro lugar (Federação das Escolas de Samba) no carnaval carioca com o samba-enredo "Batalha Naval do Riachuelo", em parceria com Penteado e Molequinho.
Em 1955, a Escola Império Serrano foi outra vez campeã (no Grupo 1) com um samba-enredo de sua autoria em parceria com Silas de Oliveira, "Exaltação a Duque de Caxias". Na ocasião do desfile já havia sido criado o sistema de Grupos (Grupo 1 - as principais escolas carioca).
Em 1958 compôs "Exaltação a D. João VI ou Brasil Império" classificando a Império Serrano em 2º lugar do Grupo 1. No ano seguinte, em 1958, compôs o samba-enredo "Exaltação à Bárbara Heliodora" (c/ Nilo de Oliveira e Ramón Russo), classificando a escola em 2º lugar do Grupo 1. No ano posterior, compôs em parceria com Chocolate e Carneirinho o samba-enredo "Brasil holandês - Homenagem a João Maurício de Nassau", que clsssificou a escola em 3º lugar do Grupo 1 no desfile daquele ano. Compôs "Medalhas e brasões"(c/ Silas de Oliveira), que dividiu em 1960 o primeiro lugar com outras quatro escolas. Esse samba teve problemas com a letra original e, a pedido da embaixada do Paraguai, a letra foi modificada. Neste mesmo ano, o cantor Risadinha gravou pela Continental o samba-enredo "Exaltação a d. João VI".
No ano de 1966 compôs com Silas de Oliveira e Manuel Ferreira o samba-enredo "Glória e graça da Bahia", classificando a Império Serrano em 3º lugar do Grupo 1 no desfile daquele ano.
Em 1968 gravou depoimento para o acervo do MIS (Museu da Imagem e do Som), para integrar o futuro acervo do Museu do Carnaval que o então diretor Ricardo Cravo Albin estava organizando ao lado da pesquisadora Lygia Santos, filha do compositor Donga. No ano seguinte, "Heróis da liberdade" (c/ Manuel Ferreira e Silas de Oliveira) classificou a escola em 4º lugar do Grupo 1. Neste mesmo ano Elza Soares incluiu este samba em seu disco lançado pela gravadora Odeon. No ano seguinte, compôs com Dona Ivone Lara o samba "Agradeço a Deus", gravado na Odeon neste mesmo ano.
Em 1971, Elis Regina regravou "Exaltação a Tiradentes" e Jair Rodrigues regravou "Heróis da liberdade" pela Philips. No ano seguinte, com a morte de Silas de Oliveira, a dupla se desfez. Neste mesmo ano, gravou em compacto simples pela Rozemblit a música "Exaltação a d. João VI" (c/ Silas de Oliveira).
Em 1973, Adilson Ribeiro gravou de sua autoria o samba "Olelê, olalá". Neste mesmo ano, gravou pela primeira vez um LP, "Mano Décio da Viola", para uma metalúrgica de São Paulo presentear seus funcionários no Natal daquele ano. Ainda em 1973, no disco "Canto por um novo dia", pela Tapecar, Beth Carvalho interpretou uma composição sua em parceria com Jorginho Pessanha, "Hora de chorar". No ano posterior, gravou o seu primeiro LP comercial pela Tapecar. Neste disco incluiu, entre outras, "Dona Santa, rainha do maracatu", "Obsessão", "Mano Décio ponteia a viola", "Hora de chorar" e um de seus maiores sucessos, "Exaltação a Tiradentes" (c/ Penteado e Estanislau Silva). Neste mesmo ano, Elza Soares gravou pela Tapecar o LP "Samba, minha raiz", no qual incluiu uma composição de sua autoria em parceria com Silas de Oliveira: "Amor aventureiro". Ainda neste mesmo ano, Jorge Goulart e o Coral Som Livre regravaram "Heróis da liberdade", pela gravadora Sigla, e Zuzuca do Salgueiro regravou pela CBS "Apoteose ao samba".
No ano de 1975, João Nogueira gravou pela Odeon "Heróis da liberdade". No ano seguinte, gravou pela Philips o seu segundo disco "O lendário Mano Décio da Viola".
No ano de 1977, lançou seu terceiro LP pela gravadora CBS. Neste disco interpretou composições suas, como "Amor aventureiro", "Desprezado", "Heróis da liberdade", "Caçador de esmeraldas", "Exaltação a Duque de Caxias". Ainda neste ano, seu filho Jorginho do Império gravou pela Odeon "Medalhas e brasões", de sua autoria com Silas de Oliveira, e o cantor Abílio Martins gravou "Sessenta e um anos de República", pela gravadora Sigla. Em 1978, Dona Ivone Lara gravou da dupla (Silas de Oliveira e Mano Décio) o samba "O Império tocou reunir", o conjunto Samba Maior regravou "Medalhas e brasões" e Roberto Ribeiro gravou "Glória e graça da Bahia" (c/ Silas de Oliveira e Manuel Ferreira). Ainda no ano de 1978, Paulinho da Viola gravou pela EMI-Odeon o samba "Apoteose ao samba".
Em 1984, quando morreu, estava preparando o seu quarto disco.
Compôs mais de 500 músicas e, com o parceiro Silas de Oliveira, foi um dos pioneiros na composição de sambas-enredos para desfiles de escolas no carnaval.
O Império Serrano desfilou 19 vezes com sambas-enredo de sua autoria, sendo campeão quatro vezes. Constam entre seus maiores sucessos as músicas: "Exaltação a Tiradentes", "Heróis da liberdade" e "Conferência de São Francisco".
No ano de 2002, foi lançado o livro "Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor faz várias referências ao compositor. Neste mesmo ano, Martinho da Vila incluiu "Heróis da liberdade" em seu novo disco "Voz e coração", lançado pela gravadora Sony Music.
Entre seus intérpretes constam Chico Buarque, Cauby Peixoto, Maria Creza, Elis Regina, Jorginho do Império, Jair Rodrigues, Martinho da Vila, João Bosco, Abílio Martins, João Nogueira, Paulinho da Viola, Jorge Goulart, Mestre Marçal, Roberto Silva e Maria Rita em "Aula de samba".
Lançado no ano de 2011 pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes, em convênio com o Selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), o box "100 Anos de Música popular Brasileira" é integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados. Inicialmente os discos foram lançados no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos "MPB 100 AO VIVO", com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975. Roberto Silva interpretou, de sua autoria, no CD volume 7 "Exaltação a Tiradentes" (c/ Penteado e Estanislau Silva) e Beth Carvalho, no mesmo disco a faixa "Heróis da liberdade" (c/ Manuel Ferreira e Silas de Oliveira).


Obra

  • A paz universal (c/ Silas de Oliveira)
  • Agradeço a Deus (c/ Dona Ivone Lara)
  • Amor aventureiro (c/ Silas de Oliveira)
  • Antônio Castro Alves (c/ Comprido e Molequinho)
  • Apoteose ao samba (c/ Silas de Oliveira)
  • Aula de samba
  • Bandeirantes (c/ Silas de Oliveira)
  • Batalha Naval do Riachuelo (c/ Penteado e Molequinho)
  • Brasil holandês (c/ Chocolate e Carneirinho)
  • Cego e surdo
  • Ciência do samba (c/ Silas de Oliveira)
  • Conferência de São Francisco (c/ Silas de Oliveira)
  • Desprezado (c/ Silas de Oliveira)
  • Dona Santa, rainha do maracatu
  • Exaltação à Bahia (c/ Manoel Ferreira e Silas de Oliveira)
  • Exaltação à Bárbara Heliodora (c/ Nilo de Oliveira e Ramón Russo)
  • Exaltação a D. João VI (c/ Silas de Oliveira)
  • Exaltação a Duque de Caxias (c/ Silas de Oliveira)
  • Exaltação a Tiradentes (c/ Penteado e Estanislau Silva)
  • Glória e graça da Bahia (c/ Silas de Oliveira e Manoel Ferreira)
  • Heróis da liberdade (c/ Silas de Oliveira e Manuel Ferreira)
  • Hora de chorar (c/ Jorginho Pessanha)
  • Império tocou reunir (c/ Silas de Oliveira)
  • Mano Décio ponteia a viola
  • Medalhas e brasões (c/ Silas de Oliveira)
  • Meu grande amor (c/ Silas de Oliveira)
  • O caçador de esmeraldas (c/ Silas de Oliveira)
  • Obsessão (c/ Osório Lima)
  • Olelê, olalá
  • Os bandeirantes (c/ Silas de Oliveira)
  • Perdão amor (c/ Silas de Oliveira, Bucy Moreira, Raul Marques e Miguel Baúza)
  • Segura a conversa (c/ Silas de Oliveira)
  • Sessenta e um anos de República (c/ Silas de Oliveira)
  • Tristeza no carnaval (c/ Silas de Oliveira)
  • Vem, meu amor (c/ Bide e João de Barros)
  • Viagem encantada (c/ Jorginho Pessanha)

Discografia

  • (1978) O imperador • CBS • LP
  • (1976) O lendário Mano Décio da Viola • Philips • LP
  • (1974) Mano Décio da Viola - Capítulo maior da história do samba • Tapecar • LP
  • (1973) Mano Décio da Viola • Metalúrgica • LP
  • (1972) Exaltação a D. João VI • Rozemblit • Compacto simples

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