segunda-feira, 28 de julho de 2014

Martinho da Vila - Da vila, da roça e da cidade - 2001

Martinho da Vila - Da vila, da roça e da cidade - 2001


1 Tô na roça e na cidade (Martinho da Vila)
2 Hoje tem amor (Toninho Geraes, Dunga, Martinho da Vila)
3 Nunca amei ninguém tão sexy (Roque Ferreira, Martinho da Vila)
4 Fogo na venta (Hermínio Bello de Carvalho, Martinho da Vila)
5 Penetrante olhar (Zé Katimba, Martinho da Vila, Zé Inácio)
6 Além do mais, eu te amo (Martinho da Vila, Noca da Portela, Luizinho To Blow)
7 Presente aos fãs (Ivan Lins, Martinho da Vila)
8 Estado maravilhoso cheio de encantos mil (Claudinho, Haroldo Filho, Jejê do Caminho, Miguel Bedê)
        Ai que saudade que eu tenho (Martinho da Vila)
9 A comida da Filó (Jonas, Martinho da Vila, Ivan da Wanda)
10 Dona Ivone Lara (Martinho da Vila)
11 Linha do ão (Martinho da Vila)
12 Mineiro-pau (Martinho da Vila)
13 Dança de palhaço (Martinho da Vila)
14 Festa de caboclo (Vrs. Martinho da Vila)

Crítica

Poucos sambistas (talvez nenhum) conseguem trafegar com tanta desenvoltura na ponte que liga o samba urbano à sua vertente rural e folclórica como Martinho da Vila. O partideiro até usa essa óbvia característica de sua obra para dar nome a este que é seu 32º álbum. Sem maiores ousadias ou guinadas estéticas, Martinho cercou-se de parceiros tradicionais, convocou mais uma vez Rildo Hora para assinar produção e arranjos e - a partir do samba-enredo que compôs para o carnaval 2001 da escola de samba Vila Isabel - construiu quase um álbum conceitual sobre sua dualidade criativa entre roça e cidade.

As influências de ritmos regionais, notadamente o calango (vindo de Minas) e o forró, se alternam com momentos mais declaradamente urbanos - quando Martinho abre a guarda ao romantismo, mas sem deixar a peteca cair para o lado do bregode. A junção das duas tendências rende a canção que é a síntese perfeita do álbum - a faixa-título, na qual Martinho canta, maroto, "Quando eu tô no forró / Tô na roça e na cidade". A batidinha de samba "calangueado", com pandeiro e acordeom, casa muito bem com a metaleira "gafieirística" do arranjo. Também na junção entre urbanidade e caipirice, Martinho apresenta Linha do Ão, Mineiro-Pau e Festa de Caboclo (esta última recuperada do folclore afro-brasileiro).

Na outra vertente do álbum, o romantismo, o veterano capricha em sambas dolentes, macios - Nunca Amei Ninguém Tão Sexy e Penetrante Olhar são bons exemplos, pinçadas entre as várias canções de andamento menos acelerado que dão uma cara "tranqüila" ao resultado final do disco. Plácida também é a rara parceria entre Martinho e Ivan Lins, Presente aos Fãs. O sambão mesmo dá as caras na regravação de Estado Maravilhoso Cheio de Encantos Mil, samba-enredo composto para a Vila Isabel no carnaval de 2001, e em Dona Ivone Lara, em homenagem à matrona do partido alto. (Marco Antonio Barbosa)

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