terça-feira, 16 de outubro de 2012

Francisco Petrônio - Biografia



Francisco Petrônio  (Francisco Petrone)
* 08/11/1923  São Paulo, SP
+ 18/1/2007  São Paulo, SP

Biografia
Cantor. Compositor. Foi motorista de táxi. Foi chamado pelo apresentador de Tv Airton Rodrigues de "A voz de veludo do Brasil".

Dados Artísticos
Começou a carreira artística já com 37 anos de idade, em 1960, quando era motorista de táxi e ao transportar o amigo e radialista Nerino Silva, disse que gostaria de cantar. O amigo levou-o então para um teste nas Emissoras Associadas no qual foi aprovado e contratado por um período de 2 anos. Em 1961, começou a atuar profissionalmente nas Rádio e TV Tupi de São Paulo. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, pelo selo Chantecler, com o bolero "Agora", de Don Fabian e Paulo Augusto e o tango "Não me falem dela", de Jorge Moreira e Sebastião Ferreira da Silva com acompanhamento da orquestra Chantecler com regência do maestro Élcio Alvarez. Em 1962, transferiu-se para a gravadora Continental na qual permaneceu por mais de vinte anos levado pelo compositor sertanejo e produtor Diego Mulero, o Palmeira. No mesmo ano, gravou os boleros "Segredo", de Daniel Magalhães e Cid Magalhães e "Disfarce", de Umberto Silva, Luiz Mergulhão e Toso Gomes. Este disco levou o número 005 e fez parte da série 78-000, última em 78 rpm lançada pela Continental. Ainda no mesmo ano, gravou a "Balada do homem sem rumo", de Castro Perret e o "Bolero triste", de Paulo Augusto e Nízio. Também em 1962, gravou com Dilermano Reis o LP "Uma voz e um violão em serenata - Francisco Petrônio e Dilermano Rei", o primeiro de sua série de 7 LPs, com destaques para as valsas "Rapaziada do Braz", de Alberto Marino; "Arrependimento", de Gastão Lamounier e Olegário Mariano; "Tardes em Lindóia", de Zequinha de Abreu, "Se ela perguntar", de Dilermando Reis e Jair Amorim e "Ave Maria", de Erotides de Campos e a canção "Chão de estrelas", de Orestes Barbosa.

Em 1963, gravou os boleros "Caminho escuro", de Willy Sampaio Ruiz e Paulo Augusto e "Eu...te amo", de Paulo Augusto e Arquimedes Messina. No mesmo ano, gravou as canções "O amor mais puro", de Palmeira, com declamação de Almeida Passos e "Maria das bonecas", de sua autoria e Enzo de Almeida Passos, com declamação de Júlio Fernandes. Também no mesmo ano, gravou da dupla Palmeira e Mário Zan as canções "Natal da minha terra" e "Nova flor", um clássico da música sertaneja. Nesse mesmo ano, ganhou o troféu "Chico Viola", criado pela Tv Record, pela gravação da música "Romance". Também em 1963, gravou o segundo disco com o violonista Dilermando Reis, com destaque para "Sob o céu de Brasília", de Dilermando Reis e José Fortuna; "Última inspiração", de PeterPan; "Dois destinos", de Dilermando Reis e José Fortuna; "Revendo o passado", de Freire Júnior e "Lágrimas", de Cândido das Neves. Em 1964, gravou o bolero "Cigana", do compositor gaúcho Túlio Piva e a canção "Trono azul", de Gavote e Czibulca, com versão e adaptação de Palmeira e Alfredo Corleto, com acompanhamento de Élcio Álvares e sua orquestra. Ainda no mesmo ano, gravou um dos cinco últimos discos em 78 rpm lançados pela gravadora Continental, com a "Valsa dos namorados", de Silvino Neto e "Eu pago esta noite", de omenico Modugno e versão de Valdir Santos. Por essa época, passou a atuar como free lancer em rádios e tvs. Também em 1964, gravou o LP "O romântico", que trazia entre outras "Nova flor", de Palmeira e Mário Zan; "Cigana", de Túlio Piva e "Io che amo solo te", de Sergio Endrigo.

Em 1965, apresentou show no Cassino Estoril em Portugal. No mesmo ano, gravou o LP "Baile da saudade", cuja música título, de Palmeira e Zairo Marinoza, tornou-se seu maior sucesso. Com direção e produção de Palmeira, o disco tinha ainda como destaques as valsas "Branca", de Zequinha de Abreu e Duque de Abrante; "Bodas de prata", de Roberto Martins e Mário Rossi e "Eu sonhei que tu estavas tão linda", de Lamartine Babo e Francisco Matoso.

Por essa época passou a divulgar pelo Brasil o "Baile da saudade", promovido pelo "Clube da Saudade", especializando-se a partir de então em cantar serestas. Em 1966, foi contratado pela TV Globo onde passou a apresentar o progrma "Baile da saudade". Em 1968, passou a produzir seu próprio programa "Baile da saudade" que passou a apresentar na Rádio Gazeta. Atuou ainda nas Rádios Record e Nove de Julho. Nesse período criou a Orquestra da Saudade, contando com dançarinos para divulgar músicas de serestas pelo Brasil.

Em 1971, lançou o sexto volume da série "Uma voz e um violão em serenata", gravada com Dilermando Reis na Continental, com destaque para as músicas "Cantiga por Luciana", de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto; "Laura", de Alcyr Pires Vermelho; "Ave Maria no morro", de Herivelto Martins; "Boneca", de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e "Três lágrimas", de Ary Barroso. Dois anos depois, lançou com Dilermando Reis o sétimo volume da série "Uma voz e um violão em serenata" no qual cantou "Pierrot", de Joubert de Carvalho e Paschoal Carlos Magno; "Maria Betânia", de Capiba; "Maringa', de Joubert de Carvalho; "Modinha", de Sergio Bittencourt e "Último desejo", de Noel Rosa. Em 1976, gravou com o Conjunto Época de Ouro o LP "Tempo de seresta" com destaque para "Aos pés da cruz", de Marino Pinto e José Gonçalvez; "Fita amarela", de Noel Rosa; "Feitio de oração", de Noel Rosa e Vadico; "Felicidade", de "René Bittencourt"; "Meu romance", de J. Cascata e "Favela", de Hekel Tavares e Joracy Camargo. Em 1977, gravou o LP "Francisco Petrônio homenageia Francisco Alves', pela Continental reeditando antigos sucesso do "Rei da voz", como ficou conhecido Francisco Alves: "A voz do violão", de Francisco Alves e Haroldo Campos; "Boa noite, amor", de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso; "A mulher que ficou na taça", de Francisco Alves e Orestes Barbosa e "Caminhemos", de Herivelto Martins.

Em 1978, gravou o LP "Tributo a carinhoso", com obras de Pixinguinha como "Carinhoso", com João de Barro e "Rosa"; além de "Lágrimas", de Cândido das Neves e "Lábios que beijei", de J. Cascata e Leonel Azevedo. Gravou dois LPs em italiano. Esteve por dois anos na RCA Victor e retornou em seguida para a Continental.

Em 1995, gravou pela RGE o CD "Trinta anos de saudade". Em 1997, lançou o CD "Lembranças", também pela RGE. Em 2000, gravou o LP "Nostalgia Dela Terra nostra". Em 2003, continuou a apresentar seu programa "Baile da saudade", desta feita, na Rede Vida. Durante aproximadamente 40 anos dirigiu o "Baile da saudade", show no qual apresentava seus grandes sucessos, entre os quais, "Baile da saudade", "Agora" e "Não me falem dela".


BIOGRAFIA DE FRANCISCO PETRÔNIO PARA O MUSEU DA TELEVISÃO BRASILEIRA

Filho de José Petrone e Filomena César Petrone,  foi casado com Rosa Petrone. O casal teve  três filhos, seis netos. Ao contrário do que se possa imaginar, viveu sempre  uma vida  de intensa atividade artística e familiar, sendo Petrônio requisitado para apresentações em vários clubes de todo o Brasil.

“Sempre pude contar com muitos amigos, nestes mais de 40 anos de carreira de cantor. Um deles foi o saudoso Airton Rodrigues, que um dia me chamou de “A voz de veludo do Brasil” . Outro também saudoso amigo foi o Edson Curi (Bolinha), por tantas oportunidades, que me deu para apresentar-me em seus programas . Ainda quero citar a gravadora Continental, na TV ou na Rádio”.

Petrônio continuou  fazendo o que sempre soube e quis e amou fazer, ou seja, cantar. “Até quando não sei, somente Deus sabe. Por enquanto não penso em parar. Nunca tive vício algum, sempre cuidei da minha voz,  e graças a Deus ainda não senti o peso dos anos, pois continuo cantando nos mesmos tons originais do início de minha carreira”.

Incrível! Já passaram quase mais de 40 anos, desde que começou a cantar profissionalmente pela primeira vez. “Tudo aconteceu numa tarde de fevereiro do ano 1961, aos 37 anos de idade. Estava no meu táxi, um Chevrolet 1946, no ponto onde trabalhava, à Rua Libero Badaró, quando subiu no meu automóvel o então amigo Nerino Silva. Ficamos conversando, eu lhe disse que gostava de cantar, e quando chegamos ao seu destino era TV Tupi, onde ele era contratado. Combinamos que eu faria um teste na quarta-feira seguinte. Tudo bem, lá fui eu com o coração disparado e as pernas bambas, mas era tudo que eu queria e sonhava.Fiz o teste com outros cantores e fui naquele mesmo dia, contratado para um período de dois anos, onde faria parte do elenco da TV Tupi e também participações na Rádio Tupi. O mesmo Nerino Silva me levou para a gravadora Chantecler, fui contratado para gravar meu primeiro disco 78 rpm, isso, depois de ter mostrado ao Diogo Mulero (Palmeira), então diretor artístico da gravadora, uma fita magnética em que cantava algumas músicas. Foram escolhidas duas músicas: “Agora”, um bolero, e “Não me Falem Dela”, um tango. O maestro Elcio Álvares fez os arranjos. E lá estava eu com o meu primeiro disco nas mãos, e com meu nome de batismo Francisco.”

Em 1961 Francisco Petrônio gravou seu primeiro LONG PLAY, em homenagem a sua profissão (motorista de táxi). O nome do LP era “Cantando no Ponto” e na hora de colocar o nome no LP, o Palmeira perguntou se não queria mudar o nome de Francisco Petrone para Francisco Petrônio, pois o primeiro estava um pouco italianado. Em 1963,  ele gravou a música “Romance”, que lhe deu o primeiro troféu, o “Chico Viola do Ano”, troféu esse instituído pela TV Record. Ainda nesse ano, lançou “Amor mais Puro”, uma canção de autoria do Palmeira, com declamação de Enzo de Almeida Passos, dedicado ao Dia das Mães, e  que até hoje está em catálago. Também gravou do Palmeira e Mário Zan a música “Nova Flor”, que mais tarde iria se chamar “Los Hombres no Deven Llorar”, sucesso de novela pela TV Globo, numa versão para o espanhol, com um conjunto mexicano, e que foi  regravada por Roberto Carlos.

Em 1964, fez um show para Enzo de Almeida Passos, na cidade de Bragança Paulista, que tinha na ocasião, um programa dos mais ouvidos pela Rádio Bandeirantes, com o nome de “Telefone Pedindo Bis”. Na volta do show com seu amigo, violonista Zairo Marinoso, sem querer começou a cantarolar instintivamente o tema da música, que viria a se chamar “O Baile da Saudade”, cuja letra e as rimas iam se encaixando rapidamente, e com a participação do Zairo, que montou uma grande parte da música no caminho de volta.   Mas   aconteceu aí um grande detalhe: quando chegou em casa, às três horas da madrugada, antes de dormir, Petr6onio  gravou música e letra, deixando-a registrada no gravador. Quando acordou às nove da manhã, não se lembrava de mais nada, apenas recordou-se da gravação e imediatamente, telefonou para a Continental, onde Palmeira tinha assumido a direção artística, e pediu a ele que terminasse a letra da música. Rapidamente gravada  . ela, foi um sucesso total, pois a música “O Baile da Saudade” virou empresa, e  sempre realizou bailes da saudade, por todo o Brasil.

De um simples desejo de gravar aquele primeiro disco em 1961, conseguiu tudo ou quase tudo que um cantor popular gostaria de gravar, em quase todos os ritmos, em português, espanhol e italiano ( suas origens). Destas gravações poderia destacar os 7 LPs que gravou com o Dilermano Reis, com o título “ Uma Voz e um Violão em Serenata”, 2 LPs em italiano, onde além das canções tradicionais em dialeto napolitano, tem dois trechos da ópera, “Uma Furtiva Lacrime” e “E Lucevan L’ Stele” da Tosca. A série o “Baile da Saudade” foi volume 4, revivendo as mais lindas valsas brasileiras, os tangos, os boleros, as guarânias, os maxixes, os sambas, mas o seu destaque, a sua alma, a sua melhor interpretação foi, sem dúvida, à modinha de Carlos Gomes “Quem Sabe” com Dilermano Reis ao violão. O Palmeira, ao ouvi-la ainda em fita, antes do disco disse a Francisco Petrônio: “Você estava em estado de graça.”

Desses anos todos de carreira, foi durante dois anos contratado pela RCA VICTOR, onde gravou três LPs. Em seguida voltou para a Continental, porque lá havia deixado além de um patrimônio valioso em repertório de músicas gravadas, também seu amor pela gravadora e muitos amigos.

O tradicional “Baile da Saudade”,  foi uma criação sua deste 16 de junho de 1966, quando o apresentou pela primeira vez num programa pelo canal 5, então TV Paulista, “Cantando com Francisco Petrônio”.

No ano de 1999, lançou 2 CDs pela R.G.E.  Fez o 43º e 44º CDs, com o título de “Tributo a Chico Alves” e “Dançando com Francisco Petrônio”. Até 2.000 lançou 45 discos “Nostalgia Dela Terra Nostra.”

A falta de cantores românticos, especialmente da chamada “Velha Guarda” no Brasil o obrigou a permanecer no cenário artístico nacional, pois  foi sempre considerado um dos últimos cantores de músicas românticas brasileiras e o único que resgatou as músicas inesquecíveis e imortais, num tributo aos verdadeiros cantores da Música Popular Brasileira, dos quais  foi  fiel seguidor, procurando deixar às futuras gerações um legado dos mais românticos e tradicionais, pois: “Enquanto Houver Saudade Haverá os Eternos Saudosistas”.

Faleceu em 19 de janeiro de 2007.




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